A filmagem foi feita por um jovem que sofreu abuso |
"Monsenhor" é um título honorífico concedido pelo papa a sacerdotes pelos seus bons serviços aos fiéis.
Com 209 mil habitantes, Arapiraca é a segunda maior cidade de Alagoas. Fica a 130 km de Maceió, a capital.
A produção do programa localizou na cidade o jovem do vídeo. É Fabiano da Silva Ferreira (foto), de 20 anos. Ele contou que o sacerdote começou a assediá-lo quando tinha 12 anos, na época em que era coroinha.
Ferreira disse que teve um relacionamento sexual com o monsenhor durante anos e que, decepcionado com a Igreja Católica, desistiu de ser padre.
“A minha família ficou chocada quando soube de tudo”, falou. "Muitas vezes eu pensava em me suicidar."
As imagens foram filmadas por outro ex-coroinha, Cícero Flávio Barbosa, que também, segundo ele, foi violentado pelo monsenhor quando tinha 12 anos, além de outros padres. Hoje ele tem 21 anos.
“Filmei para, com uma prova, pôr um ponto final nisso”, disse. “As vítimas são muitas.”
Em Arapiraca, a equipe do Conexão Repórter recebeu denúncia de pedofilia envolvendo outros sacerdotes. Um menino de 11 anos disse que foi assediado pelo padre Edilson Duarte, que é o responsável pela Igreja Catedral de Nossa Senhora do Bom Conselho.
O monsenhor Raimundo Gomes (foto), 52, também teria abusado de coroinhas.
“Ele dizia que eu era bonito, que queria ir para a cama comigo e tinha ciúmes de mim”, disse um rapaz que teria mantido relacionamento sexual com Raimundo.
O monsenhor falou ao jornalista Roberto Cabrini que as denúncias “só podem ser calúnias”. Ele permitiu que fosse gravada somente a sua voz.
O padre Edílson também negou saber dos abusos.
Questionado de surpresa pelo jornalista, o monsenhor Marques Barbosa não confirmou nem negou que tenha violentado coroinhas. “Você [Cabrini] não é o meu confessor.”
Os monsenhores Barbosa e Gomes teriam pago aos jovens R$ 32 mil para que nenhuma imagem de sexo deles fosse divulgada. Teria sido, na verdade, o pagamento de uma extorsão. O valor inicial pedido pelos jovens teria sido de R$ 5 milhões.
Um documento assinados pelos sacerdotes foi apresentado no programa como prova do pagamento. Os religiosos teriam ficado com as filmagens e as destruíram, mas não sabiam que havia cópias.
Um dos vídeos foi postado na internet, mas a cópia colocada no Youtube foi deletada. Na cidade, ambulantes vendem as imagens por R$ 2 a R$ 5 por DVD.
A equipe do programa flagrou um advogado --cujo nome seria Daniel Fernandes – pressionando os jovens para que nada contasse à reportagem.
“O prejuízo pra vocês vai ser maior do que para tudo mundo”, disse.
Até agora, a Arquidiocese de Maceió não se manifestou sobre as acusações. Mas, de acordo com o programa, o bispo Valério Brêdo, o responsável pela paróquia, já tinha conhecimento das imagens e nada fez.
A Polícia abriu inquérito para apurar as denúncias.
O monsenhor Barbosa está aposentado, embora continuasse celebrando missas, pelo menos até antes de estourar o escândalo.
Ele é conservador e moralista. Não gostava, por exemplo, que mulheres com decote participassem das missas.
AFASTAMENTO - atualização em 15/3/2010
No sábado (13), dom Valério Brêdo foi a Arapiraca onde anunciou o afastamento dos sacerdotes envolvidos nas denúncias de pedofilia. Entre os fiéis há revolta, inclusive porque o bispo só teria tomado uma decisão após o caso ter chegado à tv. Brêdo evitou a imprensa.
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